José, filho de Davi, não temas. (Semente Josefina - fevereiro de 2016)

José, filho de Davi, não temas.
Ó puríssimo esposo de Maria Santíssima, glorioso São José, assim como foi grande a amargura e a angústia do vosso coração na perplexidade de abandonardes a vossa castíssima esposa, também foi inexplicável a vossa alegria quando pelo Anjo vos foi revelado o soberano mistério da Encarnação.
Por esta vossa dor e por esta vossa alegria, rogamo-vos a graça de consolardes, agora e nas extremas dores, a nossa alma com a alegria de uma boa vida e de uma santa morte, semelhante à vossa, entre Jesus e Maria
Dores e Alegrias de São José - 1ª Dor e Alegria: A Encarnação
O CONTEXTO: o Sim de Maria e a Encarnação de Jesus.

José e Maria estão recém-casados. Como era costuma naquele tempo, o casamento era realizado em duas etapas. Na primeira havia o consentimento e o compromisso. E, a partir dela os recém-casados se preparavam para a segunda, após a qual a esposa deixava o lar de seus pais e passava a viver com o esposo. 

No período ente a primeira e a segunda etapa do casamento de José e Maria, acontece o convite de Deus a Maria, o seu sim e a Encarnação de Jesus: “o Verbo se fez carne e habitou entre nós”. 

O Papa João Paulo II, na Redemptoris Custos, resume com precisão o que ocorreu naqueles dias e as atitudes de São José perante um “mistério tão grande”. Vejamos: 
Correspondendo ao desígnio claro de Deus, Maria, com o passar dos dias e das semanas, manifesta-se, diante das pessoas que contatava e diante de José, como estando “grávida”, como mulher que deve dar à luz e que traz em si o mistério da maternidade.
Nestas circunstâncias, “José, seu esposo, sendo justo e não querendo difamá-la, resolveu abandoná-la em segredo” (Mt 1,19). Ele não sabia como comportar-se perante a “surpreendente” maternidade de Maria. Buscava, certamente, uma resposta para essa interrogação inquietante; mas procurava, sobretudo, uma maneira honrosa de sair daquela situação difícil para ele. Enquanto “pensava nisto, apareceu-lhe, em sonho, o anjo do Senhor, que lhe disse: ‘José, filho de Davi, não temas receber contigo Maria, tua esposa, pois o que nela se gerou é obra do Espírito Santo. Ela dará à luz um filho, a quem porás o nome de Jesus, porque ele salvará o seu povo dos seus pecados’” (Mt 1, 20-21).
O mensageiro dirige-se a José como “esposo de Maria”; dirige-se a quem, a seu tempo, deverá pôr tal nome ao Filho que vai nascer da Virgem de Nazaré, desposada com ele. Dirige-se a José, portanto, confiando-lhe os encargos de um pai terreno em relação ao Filho de Maria.
“Despertando do sono, José fez como lhe ordenara o anjo do Senhor e recebeu a sua esposa” (Mt 1,24).
Ele recebeu-a com todo o mistério da sua maternidade; recebeu-a com o Filho que havia de vir ao mundo, por obra do Espírito Santo: demonstrou deste modo uma disponibilidade de vontade, semelhante à disponibilidade de Maria, em ordem àquilo que Deus lhe pedia por meio do seu mensageiro.
A EXPERIÊNCIA DE JOSÉ...

A primeira dor de São José ocorreu logo após a Encarnação de Jesus. José percebeu a maternidade de Maria, sua esposa, que concebera por obra do Espírito Santo, mas ele ainda não sabia disso. 

Isso desnorteou José: ele não encontrava explicações para esse mistério e ficou bastante angustiado. Não tinha para com Maria, nenhuma sombra de dúvida, pois a extraordinária virtude de Maria não lhe permitia duvidar dela. Mas era notório que ela estava grávida e ele não era o pai. 

Não conseguindo compreender o fato resolveu, por ser justo, deixar Maria secretamente, sem proclamar publicamente sua decisão, pois se assim fizesse, colocaria sua esposa em grande perigo, visto que a lei dos judeus era muito severa. 

Aconteceu então a primeira alegria de São José. Após ter tomado a decisão de deixar Maria para protegê-la, um Anjo lhe apareceu e lhe disse: “José, filho de Davi, não tenhas medo de receber Maria como tua mulher, pois o que nela foi gerado vem do Espírito Santo” (Mt 1,20). 

Esta mensagem do Anjo lhe trouxe muita alegria: a certeza de que o mistério vinha de Deus, a confirmação da santidade de Maria e a honra de ter sido escolhido para ser o pai do Salvador, participando do grande mistério da Encarnação.

CONTINUA NOS DIAS DE HOJE... 

A experiência de José e Maria espelha a vida de tantas famílias que vem suas vidas transformadas pela intervenção de Deus ao chamar alguém da sua família para uma missão diferente da que realizavam até o momento. 

Quantos pais deixaram, ou não puderam impedir, que seus filhos “partissem” de seus lares para a vida religiosa, ou missionária, e não raramente em regiões distantes, com forte possibilidade de “nunca mais se verem pessoalmente”. 

E, de modo similar ao ocorrido com José puderam, “mais tarde”, no momento oportuno, verem suas lágrimas se transformarem na alegria de perceber que aquela pessoa tão querida está feliz por estar seguindo a vocação de Deus e, não raras vezes, por perceber o quanto Deus foi generoso e pode realizar maravilhas na vida da pessoa amada. 

E NOS CONVIDA A CUIDARMOS DOS INTERESSES DE JESUS. 

Assim como José, também nós somos chamados a desempenhar com fidelidade a missão que nos foi confiada. Ouçamos o Papa Bento XVI: 
O exemplo de São José é para todos nós um forte convite a desempenhar com fidelidade, simplicidade e humildade a tarefa que a Providência nos destinou. Penso antes de tudo, nos pais e nas mães de família, e rezo para que saibam sempre apreciar a beleza de uma vida simples e laboriosa, cultivando com solicitude o relacionamento conjugal e cumprindo com entusiasmo a grande e difícil missão educativa”. (Papa Bento XVI, 19/03/2006)
Especialmente neste Ano Santo da Misericórdia sejam acolhamos o convite de cuidarmos, como José e com seu auxílio, dos interesses de Jesus: 
José foi o primeiro sobre a terra a cuidar dos interesses de Jesus. Ele cuidou dele desde a infância, o protegeu quando jovem e cumpriu a missão de pai nos primeiros trinta anos de sua vida terrestre”. (São José Marello).