A Missão de São José. (Semente Josefina - outubro de 2016).

A Missão de São José.

Chamado a proteger o Redentor, «José fez como lhe ordenara o anjo do Senhor e recebeu a sua esposa» (Mt 1, 24). Inspirando-se no Evangelho, os Padres da Igreja, desde os primeiros séculos, puseram em relevo que São José, assim como cuidou com amor de Maria e se dedicou com empenho jubiloso à educação de Jesus Cristo, assim também guarda e protege o seu Corpo místico, a Igreja, da qual a Virgem Santíssima é figura e modelo.        (São João Paulo II, Papa. Redemptoris Custos)

A encarnação de Jesus, ou seja, a inserção de Deus na nossa condição humana, é o ponto central da história, o momento mais solene e definitivo desta. São José com sua missão participou da grandiosidade deste momento histórico, enquanto descendente de Davi, ao apresentar para o mundo, o herdeiro das Promessas, o Messias esperado. Nesta função ele recebeu a missão mais alta que se possa imaginar; aquela de cuidar do Filho de Deus, de proteger a pureza de Maria, sua esposa, e de cooperar com a encarnação divina para a salvação da humanidade. Ele, o único chamado  para participar, juntamente com Maria, do conhecimento do grande mistério escondido nos séculos, com a sublime prerrogativa de guiar, de assistir e de cuidar do Salvador do Mundo, ao qual, não somente assegurou-lhe a herança das promessas messiânicas e o seu nascimento honrado e conveniente neste mundo, mas também deu-lhe o estado civil, a categoria social, a condição econômica, a experiência profissional, o ambiente familiar e a educação humana, segundo as palavras  já referidas de Paulo VI.

Sendo escolhido para ser o esposo da mãe de Deus, José participou da excelsa dignidade de sua esposa através do vínculo conjugal. Por tamanha grandeza, o próprio Jesus, Filho de Deus, não o considerou apenas como um seu guarda, mas quis que ele fosse publicamente reconhecido e estimado diante da lei e através do testemunho vivido pela sua obediência a ele, do seu respeito e do seu filial amor como seu pai e chefe de sua família.

A grandeza e a santidade de José estão unidas no cumprimento fiel da mais alta ordem divina que lhe conferia uma tal missão para ser o legítimo e natural guarda, chefe e defensor da divina família de Nazaré.

Para São José não é suficiente reservar-lhe um lugar na cena do presépio, como se reserva aos animais que nele estão presentes. A presença dele no presépio pode ter apenas uma função decorativa, tanto é verdade que a sua ausência não diminuiria em nada o mistério da encarnação. Para muitos, no comentário das narrativas da infância de Jesus, São José muitas vezes é esquecido, ou é tido como alguém secundário, sem nenhuma incidência no acontecimento de Belém. Para alguns a figura dele chega de ser até um obstáculo em relação à virgindade de Maria, a tal ponto que desde a antiguidade ele foi pintado ou descrito como um velho, diminuído em sua função em relação à sua especial função de esposo e de pai.

Contudo basta aprofundar um pouco mais a sua presença na história da salvação para constatar que o evangelista afirma que Jesus era tido por todos como Filho de José, o que significa que José devia demonstrar ser pai, e que, portanto, a sua idade não podia ser avançada. Como poderia Deus que estabeleceu que Jesus nascesse de uma Virgem esposada, não lhe dar um marido que aos olhos do povo parecesse suspeito de não ser o pai do menino?

Por isso devemos enquadrar a perspectiva justa de José, a qual é aquela narrada pelo evangelho onde lembra que o plano divino da encarnação do Filho de Deus exigia necessariamente a descendência davídica e que José neste sentido realizou esta exigência, assegurando-lhe o indispensável título de Filho de Davi. Desta forma, a grandeza moral ou santidade de São José, está ligada à função que recebeu no exercício do plano de Deus, pois se Deus o escolheu para esposo de Maria é porque o achou digno do privilégio de compartilhar a sua vida com a criatura mais sublime desta terra.

José é o esposo de Maria, a mãe de Jesus e porque ela é a mãe de Deus, é importante considerar a afirmação de Leão XIII que diz: “se Deus deu para a Virgem esposa São José, a deu não apenas para companheiro de vida, testemunha de sua virgindade, tutor de sua honestidade, mas também para que participasse, devido ao pacto conjugal, da sua excelsa grandeza”. Em vista de sua paternidade como esposo de Maria, para acolher Jesus encarnado, José recebeu de Deus toda a dignidade espiritual desta paternidade a respeito a Jesus, ao qual ele sustentou com amor, vestiu-o, defendeu-o e educou-o. Desta maneira, como não pensar nas singulares graças e dons com os quais Deus abundantemente o enriqueceu para que estivesse em grau de desempenhar com perfeição as tarefas de esposo e de pai que lhes eram devidas?

A grande missão que José recebeu para desempenhar e colaborar no mistério da Redenção, ele a desempenhou com humildade e no escondimento, aceitando obedientemente o desígnio de Deus  e justamente por esse seu comportamento de serviço humilde e desinteressado, é que a Igreja o apresenta como o ponto referencial para todos os cristãos, no cumprimento da vontade de Deus, seja os sacerdotes, os religiosos, os pais, os esposos, os noivos, os operários, os ricos, os pobres... São José ensina para todos que para “ser bons e autênticos seguidores de Cristo não é necessário fazer coisas grandes, mas bastam virtudes comuns, humanas, simples, contanto que verdadeiras e  autênticas” (Papa Paulo VI).

Deus teve plena confiança em São José e por isso confia-lhe a ele “o mistério cuja realização fora esperada por tantas gerações pela estirpe de Davi e por toda a casa de Israel, e ao mesmo tempo confia a ele tudo aquilo que dependia para cumprimento deste mistério na história do povo de Deus” (João Paulo II). Por isso a Igreja hoje não pode não olhar com simpatia e amor aquele obscuro carpinteiro de Nazaré, humilde e grande, frágil e forte, ignorado e importante, a fim de imitar seus exemplos e invocar seu patrocínio, pois ele é, na verdade um Santo atual.

A missão de São José continua ainda nos dias de hoje e isso nos motiva a nos inserimos nesta missão, seguindo os passos de nosso Pai e Patrono. Mas, qual é a missão de São José nos dias de hoje? Teremos a oportunidade de refletir sobre isso nos próximos meses, mas desde já apresentamos um resumo: “cuidar dos interesses de Jesus, junto com Maria, sua Esposa”.


José foi o primeiro sobre a terra a cuidar dos interesses de Jesus. Ele cuidou dele desde a infância, o protegeu quando jovem e cumpriu a missão de pai nos primeiros trinta anos de sua vida terrestre”. (São José Marello).